sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tempo de plantar, tempo de colher

Caros amigos da Serra,

Conforme foi dito pelo Rei Salomão e podemos ler na Bíblia Sagrada, no livro do Eclesiastes, ‘tudo tem seu tempo, há um momento oportuno para cada empreendimento debaixo do céu’.
Esse ensinamento deveria ser seguido por todos, o tempo todo, em todo lugar, mas não, os humanos entraram numa corrida insandecida na busca por algo que não se sabe bem o que é, nem onde está. Taí o mundo em que vivemos, recheado de pecados capitais, levando a mais sagrada das instituições humanas, a família, a não valer muita coisa.
A humanidade evoluiu ao longo dos últimos 2.000 anos num ritmo ora mais célere, ora retroagindo, mas podemos dizer que nunca se evoluiu tanto quanto nos últimos 25 anos, período em que as mais sólidas barreiras foram quebradas, fronteiras desarmadas, liberdades ampliadas e o mundo sofreu uma mudança radical, mas tão radical, que está difícil não encontrar os arautos agourentos.
A onda de liberdade onde tudo foi sendo permitido, desde a quebra dos laços de família, a inversão de valores, a liberdade de expressão e de locomoção, aliada aos ventos da globalização das informações, dos mercados e tráfico de intorpecentes possibilitou uma gigantesca bolha de problemas inimaginados, que veio colocar o caos em nossa realidade, justamente quando faltava bem pouco, aparentemente, para atingirmos o paraíso com a chegada da Era de Aquário.
A corrida maluca pelo poder, pela beleza, pela riqueza, pelo primeiro lugar, deu a tônica do pensamento verdadeiro e essencial para a manutenção do mundo capitalista, que é selvagem, amedrontador, potente e insensível, contrapondo-se ao lado frágil e abandonado, descartado e sofrido da população miserável que povoa as cercanias dos palácios e consegue quase que virtualmente invadir suas muralhas inexpugnáveis e impor os seus vírus poderosos, causando o medo e o asco entre as partes. Uma luta eterna de Davi e Golias em pleno séc. XXI.
A fome dos homens públicos por poder se alicerça na sua capacidade de enfrentar os seus pares e na prerrogativa de manter o exército de miseráveis do seu lado, subjugado e acessível, devedor, carente, sofredor, doente, necessitando de um aceno ou de um sorriso, até de um tapinha nas costas, para aliviar o mal que lhe acomete; e quem sabe um sufrágio no próximo encontro com as urnas.
Este ciclo interminável está podando todas as chances de vidas progressivas e exitosas. Grupos se formam com projetos bem elaborados e bem financiados e bem estruturados e bem conduzidos, visando a perpetuação no poder. Como exemplo podemos citar os Cunha Lima, os Vital do Rego e muitos outros, que tentam se perpetuar no poder e anulam as chances de outros cidadãos mais simples, porém capazes, postularem servir a sua terra.
As massas tendem a seguir aqueles mais fortes, carismáticos e bons, sejam bons de verdade ou bons por enganação, e tem o defeito de sentir-se devedora por toda a vida, tornando-se incapaz de votar contra um Prefeito, um Deputado, um Governador, só porque recebeu uma ajuda num caso de saúde, num caso de assistência material. Realmente, o homem humilde do campo e das periferias é muito sofrido, simples e honrado e isto lhe torna muito suscetível, muito acanhado, muito grato, incapaz de entender que a responsabilidade de um governante é exatamente fazer o melhor para o povo e para isso é muito bem pago.
Antigamente, havia o voto de cabresto, onde o político era um grande proprietário e mantinha os seus empregados sob rédea curta para seguirem os seus estímulos eleitorais, além de lançar suas teias sobre as pessoas mais humildes para angariar os seus votos, ou mesmo pela imposição do terror, ao sabor do chicote, da chibata e até das balas. Contemporaneamente, mudaram o modus operandi e mantêm as massas subjugadas pelo poder da esmola pecuniária que todos conhecem como Bolsa Família e outras bolsas.
A Bolsa Família, dizem, veio para ajudar as famílias pobres a sairem da miséria, mas não veio para resolver o problema da pobreza e nem tirar o país do atraso e da dívida colossal que tem com o seu povo. Qualquer plano de vergonha, responsável, verdadeiro, tem que visar desenvolvimento sustentável para os seus beneficiários. Sabemos que se o governo parar a Bolsa hoje, todos voltam ao mesmo patamar de antes e farão uma zoada dos diabos. A bolsa é mantida agora para garantir altos índices de aceitação nas pesquisas e reeleições. Pense num jeito porreta de manter o povão submisso!
A sociedade brasileira esqueceu completa e totalmente aos preceitos básicos que conduzem para um futuro seguro, legítimo, futuroso, composto de coisas boas e saudáveis. O que se vê são indivíduos querendo colher o que não plantaram, ou plantando ervas daninhas no quintal dos outros para verem a sua ruína e antevendo a hora de sua ascenção ao posto perdido por outrem.
O resultado disso tudo é muito ruim, doloroso, maldito, porque torna as pessoas insensíveis, inseguras, rancorosas, propensas à prática do mal e banaliza a liberdade, a idoneidade, o caráter, a honradez, a moral, de forma que vivemos num mundo onde vemos constantemtente as ocorrências mais brutais de estupros de pais contra filhas, sequestros entre familiares, mortes estúpidas causadas por jovens consumidos pelas drogas e o consequente falimento das famílias.
Cada um tem que cumprir as suas obrigações, tem que ser responsável pelos seus erros, precisa arcar com as suas culpas e pagar suas penas, reabilitando-se ao convívio social. A vida é curta, mas dá tempo de se recuperar e vivê-la plenamente. Só é preciso saber plantar e esperar o tempo certo de colher.
Forte abraço e reflitam,
Geraldo Guilherme, blogueiro, fotógrafo, escritor.

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